terça-feira, 13 de outubro de 2009

Primeira viagem de bike pelo asfalto: Porto Alegre - Eldorado do Sul - Feriadão de 12 de outubro de 2009



Decidimos ir! Após algum tempo de idealização e experiências com viagens de bike por estradas de terra e em grupo, resolvemos encarar nossa primeira empreitada de bike pelo asfalto. Aproveitamos o feriadão de 12 de outubro e arrumamos nossas tralhas para ir para o sitio da Carol. Fica em Eldorado do Sul, no Guaíba Country Club a exatos 57 km de Porto Alegre.

A família, como era de se esperar, ficou preocupada mas apoiou a idéia e levou até meu carro para caso resolvêssemos voltar de maneira convencional para POA. Saímos sábado as 8h da manhã de casa. Dia maravilhoso! Sol, pouco vento, temperatura agradável... uma delícia para pedalar. Interessante a sensação de sair de casa, digo da sala de estar, com tudo o que você vai carregar na viagem, inclusive o meio de transporte. Partimos sem pressa, curtindo as ruas vazias da cidade e o olhar desconfiado dos que cruzavam conosco. Ao chegarmos a Ponte Móvel do Guaíba, que marca o início da estrada, uma paradinha para a foto oficial e as últimas preces. Agora é hora! Vamos encarar o monstro da rodovia!




Começamos a subir lentamente o aclive da ponte e o coração batia forte. Não pelo esforço, mas pelo medo do que nos aguardava nos próximos quilômetros. Depois de concluída a jornada, concordamos que o pior momento da viagem, sem dúvida, foi cruzar esta ponte: sem acostamento, sem espaço para pedestres, pois a passarela não tem mais de 40 cm de largura e com muitos buracos. Mas enfim, cruzamos a ponte e estávamos na BR 116. Logo em seguida, o posto do ICMS e da PRF. Passamos direto, sem problemas ou perguntas. Pedalamos cerca de uma hora até a primeira parada em um posto de gasolina para uma passagem pelos banheiros. Maior casualidade: entramos no posto, paramos e quando olho para trás, meu carro está me seguindo! Era a família da Carol, que estava indo para o sitio e nos viu entrando no posto. Conversamos um pouco e cada um seguiu seu roteiro.

Este trecho da viagem é muito tranqüilo, oferecendo pontos de tensão somente nas travessias das pontes que, ao contrario do sentido da volta, como eu veria, não tem acostamento e nem passarela que caiba a bike. Começaram já aí as novas sensações descobertas para os marinheiros de primeira viagem: nossa média de velocidade estava bem acima do previsto. Pedalávamos fácil a 25 km/h e com freqüência a 30 km/h. A razão disso é o vácuo dos veículos passando na rodovia. Comecei a adorar as carretas grandes! Cada uma que passava aumentava uns 2 a 3 km/h nossa velocidade instantânea. Uma beleza! Nas decidas então, era só curtir, e nas subidas o efeito também ajuda.

Chegamos ao pedágio antes da BR 290 e passamos também sem contato com a PRF. Neste pedágio, não tem caminho para motos e bikes. Acabamos passando por baixo de umas cordas de contenção para seguir o caminho. Logo em seguida, já entrávamos na BR 290. Este trecho é pista simples e o benefício do vácuo fica um pouco neutralizado pelos veículos em sentido contrário que atenuam este efeito. Mas mesmo assim ele existe e ajuda! Nesta estrada, com menos movimento e por conseqüência, menos barulho, começamos a perceber tudo aquilo que é impossível quando se usa um carro. A quantidade de pássaros e o barulho que eles fazem nas árvores na beira da pista é impressionante! Dezenas de pássaros cantando ao mesmo tempo e saindo em revoadas. Pudemos observar os tratores nas lavouras de arroz, com suas rodas enormes afundadas até a metade na lama e as gaivotas se reunindo para buscar uma refeição preparada pela terra remexida.

A travessia das partes alagadas ao lado da estrada também é linda e cheia de vida com garças, patos e aves de todos os tipos num microcosmo despercebido dos humanos motorizados. Depois de mais uma hora de pedal, paramos numa sombra para comer umas barrinhas e tomar água. Fomos ultrapassados por outro casal ciclístico que nos acenou. Mais tarde, os encontraríamos de novo no pedágio de Eldorado. Eram o Felipe Cabral e a Elisa. Estavam indo para Santa Cruz do Sul! Três vezes o trajeto que estávamos fazendo! Seguimos alguns metros juntos, batemos umas fotos, que por motivos de tecnologia menor não saíram, e nos despedimos, pois eles seguiriam pela RS 401. Neste trecho também cruzamos com um grupo de 4 ou 5 ciclistas no sentido oposto ao nosso. Não paramos para conversar, logo não sei nada sobre eles, infelizmente.

Depois de nos despedirmos da dupla de POA, seguimos nosso pedal de maneira mais lenta. O calor já estava maior e o cansaço começou a pegar. Cansaço da bunda! Não era fácil achar uma posição no baquinho em que não fosse sofrido pedalar! Isto é pior sem dúvida da bicicleta. Pedalar quilômetros e mais quilômetros é fácil, basta seguir seu ritmo. Agora ficar sentado confortavelmente na bike é impossível depois de algum tempo.

Paramos ainda mais uma vez depois de uma longa subida para repor as energias com mais umas barrinhas, bolachas e muita água. Estávamos quase lá! Mais 30 minutos de pedal e chegamos ao nosso destino! Sensação de realização única! Para quem pedala bastante, nossa viagem é até curta, mas a questão é todo o envolvimento psicológico que ela envolve. Pedalamos pela primeira vez na estrada, todos estavam preocupados com os riscos da rodovia, nosso ritmo era uma incógnita até começarmos a pedalar e assim por diante. No fim, cumprimos nossa meta e pedalamos os 57 km em 3 h e meia, sendo 2h e 45 minutos de pedal e o resto de descanso. Velocidade média de deslocamento de 21 km/h e máxima atingida de 40 km/h.

O resto do dia foi de reposição de energia com muita massa e frango e uma dormida na rede com muitos sonhos aquecidos pelo sol da tarde.

Bem, o retorno na segunda feira foi desestimulado pela assistência e Carol acabou vindo de carro. Eu teimei e voltei pedalando! Saí as 15h 30min do sitio e pedalei exatos 27 km até a primeira e única parada da viagem de volta. Tomei um gel e muita água, aliviei a bexiga e segui rodando em direção a POA. O movimento de retorno do feriado estava bem maior que durante nossa ida no sábado. Mas a pedalada parecia não render tanto quanto na ida. Tive a impressão de que o relevo é mais em aclive no retorno e isto explicaria também nossa facilidade durante a ida. Não tive maiores percalços durante o trajeto a não ser quando entrei em POA e resolvi seguir pela Castelo Branco em direção ao centro para evitar as subidas longas da terceira perimetral. Numa junção de estradas fiquei no meio de um entroncamento tendo que frear somente com uma mão para não acabar embaixo de um ônibus que não estava a fim de respeitar minha preferencial. Cagada! Estava com uma garrafinha d’agua na outra mão na hora... Lição: viagem não é prova, para beber e comer tem que para em lugar seguro ou pode ser fatal. No fim, deu tudo certo e segui meu caminho pelo centro, Protásio e Ipiranga até chegar em casa. Pensei como era bom eu não morar na zona sul! A volta, devido a somente uma parada, foi bem mais rápida. Pedalei 2h e 30 min num total de 2h e 45min de viagem com uma média de velocidade de deslocamento de 23 km/h e máxima atingida de 45 km/h.

Agradeço a Deus pela proteção, a Carol pela companhia e coragem e aos meus sogros Sergio e Joanita pelo apoio. Boas pedaladas a todos!